domingo, 27 de setembro de 2009

Disputas em Minas - Fumarc / Fundep

Os concursos mais esperados, como o da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), que reabriu as inscrições, e também a maioria das disputas para as prefeituras do estado são respectivamente de responsabilidade da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep), vinculada à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e da Fundação Mariana Resende Costa (Fumarc), da PUC Minas. Por essa relevância, as duas instituições organizadoras de concursos estarão no foco da quinta reportagem da série sobre o universo dos concursos públicos, do caderno Trabalho e Formação Profissional.

Em 35 anos de atuação, a Fundep realizou 259 concursos e processos seletivos, totalizando 2,27 milhões de candidatos inscritos. Entre os concursos públicos, a instituição executa desde estruturas simples, com uma única etapa constituída de prova objetiva, até concursos complexos, com várias fases e etapas. Os certames envolvem todas as formas possíveis de avaliação, como provas dissertativas, redação, avaliação física, psicológica, provas orais, prova de títulos, defesa de memorial e investigação social. “Na condição de fundação de apoio à UFMG, tentamos fazer cumprir nossa função social que, entre outras atribuições, destaca a missão de levar o capital intelectual da universidade a serviço da sociedade. Nesse sentido é que recorremos, preferencialmente, ao quadro de professores da instituição para formação das bancas examinadoras”, informa a gerência de concursos.

Eventualmente, são convidados para compor a banca examinadora profissionais de outras instituições, como forma de melhor adequar o perfil da avaliação que se pretende. Em geral, os integrantes das bancas têm formação acadêmica abrangendo os níveis de graduação, especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado.

AVALIAÇÃO
As provas elaboradas pela Fundep seguem parâmetros definidos com a participação da entidade promotora do concurso ou processo seletivo. De acordo com o perfil do profissional que é buscado no mercado, a Gerência Pedagógica elabora o processo de avaliação. Segundo a gerência, não há uma única estrutura possível nas avaliações. De acordo com a necessidade, pode-se cobrar mais o conteúdo da área de conhecimento ou capacidade de interpretação ou vivência prática do candidato.

Em geral, os candidatos devem estar bem preparados no que tange ao conhecimento da matéria abrangida pelos programas e divulgada no edital. É importante ter visão crítica, informações atualizadas e raciocínio lógico sobre a área de conhecimento pretendida. “De uma forma geral, o nível de conhecimento dos candidatos tem aumentado em função da competitividade nos concursos públicos, e a decisão pela vaga se resolve não pelas disciplinas de conhecimento específico, mas de conhecimentos gerais.”

APROVADOS
A geógrafa Ana Carolina Pinheiro Euclydes, de 26 anos, e do bacharel em Letras Leonardo Mordente, de 31, não só foram aprovados, como também passaram em primeiro lugar no concurso da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, um dos mais esperados. Ela conquistou uma vaga como consultora de meio ambiente e ele de redator-revisor. Para estar dentro das duas vagas ofertadas, Ana concorreu com mais de 600 pessoas, ou 300 candidatos por vaga.

Quando decidiu participar da disputa, a jovem ainda estava cursando o último período de faculdade. Como no curso de geografia as disciplinas de direito não são tratadas, ela resolveu fazer um curso preparatório de dois meses sobre direito administrativo e constitucional. O investimento valeu a pena, pois se classificou para a segunda etapa sobre legislação ambiental e política agropecuária e mineração. Também se classificou, mas estava na 15ª posição, que não lhe garantiria uma das vagas. Ela conseguiu reverter a situação a seu favor na terceira etapa, na prova de redação aberta.

Nessa etapa, em que teve de escrever um parecer e uma peça opinativa, Ana obteve mais pontos e conquistou 14 posições. Ela estudava cerca de oito horas diárias, a metade do tempo no curso preparatório e o restante em casa. Apesar de ter se preparado, surpreendeu-se com a classificação. “Já estava achando lindo ficar entre os 20 primeiros, imagine a satisfação de conseguir uma das vagas”, diz.

MARATONA DE ESTUDOS
A Fundep, por apoiar as atividades acadêmicas de pesquisa, extensão e desenvolvimento tecnológico da UFMG, teoricamente prioriza o conteúdo. Porém, conforme lembra Rafaela Lôbo, professora de português do Meritus, há questões de gramática normativa. A porcentagem seria de 45% das questões de interpretação de texto; 25% de gramática aplicada ao texto e 30% de gramática normativa. As provas específicas, geralmente, refletem os estudos e pesquisas desenvolvidas na instituição e em outros centros de referência de ensino. Sai na frente quem está em dia e se mantém atualizado em sua área de atuação.

Nas provas da Fumarc não há um padrão. Atualmente, o candidato tem de saber desde a análise do texto até as regras de gramática tradicional. Já na Fundep, como pode ser observado nas porcentagens dadas na primeira pergunta, a análise textual deve ser prioritária. “Não se pode esquecer de que a língua é um todo e a gramática é a estrutura dessa língua, ou seja, o candidato também terá de analisar gramaticalmente algumas questões.” Enquanto na Fundep a análise textual é prioritária (45% das questões), na Fumarc, além da importância do texto, o candidato deve dominar a norma culta. Na área gramatical, as questões de concordância, pontuação e regência são muito comuns nas duas instituições. Os candidatos devem ter cuidado com a leitura dos enunciados e com a questão vocabular. Muitas vezes, há, na resposta, palavras desconhecidas da maioria. Essas não costumam ser a resposta correta da questão, porém, muitos candidatos marcam o que não conhecem por insegurança.

FIQUE ATETO À LEGISLAÇÃO
A prova da Fumarc privilegia a legislação seca, enquanto a da Fundep pode ter variações entre conteúdo e interpretação. A avaliação é do professor do Meritus Waltinho Edijan Alves. “Mas podemos perceber uma tendência da Fumarc em não mais cobrar somente decorebas”, avalia. De acordo com o professor, no exame da Fundep o candidato precisa estudar muito. Em alguns casos, até mesmo de uma "decoreba" quando se trata de dispositivos legais e constitucionais. A resolução de exercícios ajuda o candidato a conhecer melhor essas duas instituições.

Em qualquer concurso, tem sido bastante cobrado o capítulo 7 da Constituição Federal, especificamente do artigo 37 ao 43, que tratam da administração pública. Preste atenção no artigo 37, parágrafo 15, que trata da responsabilidade civil do Estado, caso seja cobrado estudar o estatuto do servidor público. Na esfera federal, procure conhecer a Lei 8.112/90. Na esfera estadual, a Lei 869/52, e na municipal, a Lei 7.196/96. “Lembre-se, porém, que cada prefeitura tem um estatuto específico”, diz. Nos concursos para o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) é essencial conhecer a Lei Complementar.

Matéria editada - Jornal Estado de Minas (27/09/2009)

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